As técnicas de amostragem desempenham são muito importantes, pois, possibilitam a coleta de amostras para análise laboratorial e a confirmação da eficácia dos processos de limpeza. Na indústria farmacêutica, a validação de limpeza constitui um processo essencial para assegurar a segurança e a qualidade dos produtos. A validação de limpeza é o procedimento que verifica que os equipamentos e sistemas de manufatura estejam livres de contaminantes, como resíduos de lotes anteriores, agentes de limpeza ou materiais microbiológicos, evitando a contaminação cruzada e protegendo a integridade dos medicamentos.

Vamos apresentar aqui uma análise detalhada das principais técnicas de amostragem utilizadas na validação de limpeza, como o swabbing (amostragem direta) e o enxágue (amostragem indireta), bem como métodos menos comuns, como amostragem por cupom e teste com placebo. Os procedimentos, vantagens, desvantagens e critérios para a seleção da técnica adequada são explorados, destacando a importância da validação dos métodos para garantir resultados confiáveis.

Importância da Validação de Limpeza e das Técnicas de Amostragem

A validação de limpeza é um requisito regulatório fundamental, alinhado às diretrizes de órgãos como a FDA e a EMA, que exigem evidências documentadas de que os procedimentos de limpeza eliminam resíduos até limites pré-estabelecidos. As técnicas de amostragem fornecem os dados necessários para essa verificação, permitindo a detecção de contaminantes químicos e microbiológicos em superfícies de equipamentos ou sistemas de manufatura.
Classificadas em diretas e indiretas, as técnicas de amostragem atendem a diferentes necessidades. O swabbing é amplamente adotado para superfícies acessíveis, enquanto o enxágue é preferido para áreas de difícil acesso, como tubulações. A escolha da técnica depende de fatores como o design do equipamento, a natureza dos resíduos e a identificação de cenários de “pior caso”, exigindo validação rigorosa para assegurar a precisão dos resultados.

Principais Técnicas de Amostragem na validação de limpeza

Swabbing (Amostragem Direta)

O swabbing consiste em uma técnica de amostragem direta que utiliza um swab umedecido com um solvente validado, como água, para coletar resíduos diretamente da superfície do equipamento. O swab é esfregado sobre uma área definida, geralmente 100 cm², e os resíduos são extraídos para análise.

Procedimento:

  • Identificar áreas críticas com base em cenários de “pior caso”, como locais de difícil limpeza (cantos, juntas) ou com maior risco de acumulação de resíduos.
  • Aplicar dois swabs em uma área de 10 cm x 10 cm, umedecidos com solvente, esfregando em direções perpendiculares.
  • Transferir os swabs para um frasco TOC de 40 mL contendo 25 mL de solvente de extração, agitar por 30 a 60 segundos e analisar em até 12 horas.
  • Ajustar os limites de aceitação proporcionalmente para áreas menores que 100 cm².

Vantagens:

  • Permite a avaliação direta da contaminação em superfícies acessíveis.
  • Demonstra alta eficácia na remoção de resíduos insolúveis ou pouco solúveis, como ingredientes ativos hidrofóbicos.

Desvantagens:

  • Apresenta limitações em equipamentos de grande escala ou com geometrias complexas.
  • Exige extrapolação dos resultados de uma área pequena para a superfície total, podendo gerar incertezas.

Estudos de recuperação:

Conduzir testes em níveis de 50%, 100% e 150% do limite aceitável para determinar a eficiência do swab.
Percentuais de recuperação superiores a 80% são considerados ideais, entre 50% e 80% razoáveis, e inferiores a 50% questionáveis. O fator de recuperação é utilizado para ajustar os limites de resíduos.

Enxágue (Amostragem Indireta)

O método de enxágue envolve a lavagem do equipamento com um solvente, geralmente água, após a limpeza. Uma alíquota do solvente de enxágue final é coletada e analisada para identificar resíduos químicos ou microbiológicos.

Procedimento:

  • Empregar um volume pré-determinado de solvente de enxágue, ajustado ao design do equipamento.
  • Para análise química, coletar o enxágue em frascos TOC ou garrafas de vidro Schott, previamente limpos com água destilada.
  • Para análise microbiológica, utilizar recipientes pré-esterilizados e válvulas sanitizadas, enxaguadas com água destilada a 80°C por 5 minutos.
  • Ajustar os limites de aceitação proporcionalmente para volumes reduzidos.

Vantagens:

  • Avalia toda a superfície de contato do produto, sendo ideal para equipamentos grandes ou sistemas selados.
  • Facilita a implementação em equipamentos que não permitem desmontagem para swabbing.

Desvantagens:

Não remove fisicamente os contaminantes, dependendo da solubilidade dos resíduos no solvente.
Pode falhar em alcançar áreas ocultas ou ocluídas, como rachaduras.
Exige solventes orgânicos para resíduos insolúveis em água, elevando custos e complexidade.

Técnicas de amostragem menos comuns

Além de swabbing e enxágue, outras técnicas são aplicadas em situações específicas:

Amostragem por Cupom: Envolve a imersão de um cupom removível do equipamento em água de alta pureza para extrair resíduos. É útil para superfícies específicas, mas requer validação de equivalência.
Teste com Placebo: Consiste na produção de um lote com placebo após a limpeza, analisando-o para detectar resíduos do lote anterior. Apesar de sua utilidade em estudos iniciais, é menos prático devido à complexidade e aos custos.

Esses métodos são menos frequentes, uma vez que swabbing e enxágue atendem à maioria das necessidades e estão alinhados às expectativas regulatórias, como as da FDA, que prioriza o swabbing por sua precisão.

Critérios para seleção das Técnicas

A seleção da técnica de amostragem deve considerar os seguintes aspectos:

  • Design do Equipamento: Swabbing é indicado para superfícies acessíveis, enquanto enxágue é mais adequado para sistemas inacessíveis.
  • Natureza dos Resíduos: Swabbing é eficaz para resíduos insolúveis, enquanto enxágue depende da solubilidade no solvente.
  • Cenários de “Pior Caso”: Áreas de difícil limpeza ou com maior risco de contaminação devem ser priorizadas na escolha.
  • Requisitos Regulatórios: A FDA favorece o swabbing por sua capacidade de avaliar diretamente a contaminação, mas aceita enxágue em sistemas onde o swabbing não é viável.
  • Validação dos Métodos de Amostragem

A validação dos métodos de amostragem é indispensável para assegurar a confiabilidade dos resultados. No swabbing, estudos de recuperação são realizados em níveis de 50%, 100% e 150% do limite aceitável, calculando a eficiência de remoção dos resíduos. Percentuais superiores a 80% são ideais, ajustando-se os limites com base no fator de recuperação.

No enxágue, a validação verifica a capacidade do solvente de extrair resíduos e a sensibilidade do método analítico para detectar baixos níveis de contaminação. As diretrizes da FDA destacam a necessidade de combinar a validação das técnicas de amostragem com os métodos analíticos, evitando resultados falsos negativos.

As técnicas de amostragem são pilares da validação de limpeza, garantindo que os processos de limpeza eliminem resíduos até níveis aceitáveis. Swabbing destaca-se para superfícies acessíveis, enquanto enxágue é essencial para sistemas complexos. A escolha da técnica de amostragem deve ser fundamentada no design do equipamento, na natureza dos resíduos e em cenários de “pior caso”, com validação rigorosa para assegurar precisão. A aplicação adequada dessas técnicas fortalece a segurança dos produtos e a qualidade dos produtos na indústria farmacêutica, protegendo a saúde dos pacientes e garantindo conformidade regulatória.